terça-feira, 24 de abril de 2018

MPRJ pede à Justiça que sejam soltos 138 dos 159 presos em operação contra a milícia

O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), por meio da 20ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal da 1ª Central de Inquéritos, requereu à Justiça a revogação da prisão preventiva de 138 dos 159 presos numa festa, no último dia 7 de abril, em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio.
De acordo com o MPRJ, não há, até o momento, provas efetivas que permitam o oferecimento de denúncia contra eles. Por isso, o órgão defende a permanência na cadeia de 21 suspeitos e pede a liberdade para 138 presos.
No entanto, o texto do pedido de liberdade deixa claro que não há nenhuma ilegalidade na ação policial, tampouco na decisão da Justiça que determinou a prisão dos 159 participantes da festa.
O pedido foi feito com base num levantamento da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco) sobre a situação de todos os presos na madrugada do dia 7 na Operação Medusa.
Mas segundo a Draco, 138 deles não têm anotações policiais sobre participação com milicia, nem investigações ou inqueritos em andamento. A Draco não deu informações sobre os outros presos.
Para o MPRJ, de fato, havia integrantes no local do primeiro escalão da milícia que controla o crime organizado na região, o que se comprova pela troca de tiros iniciada pelos criminosos contra a Polícia Civil, quando os agentes iniciaram a operação.
Segundo as investigações, além de disparos partidos de homens que estavam na portaria da festa e de um carro com três ocupantes estacionado na porta, parte dos tiros partiu também de dentro do local do evento, o que atesta que havia criminosos no interior.
Dentro da festa, os policiais encontraram ainda diversos fuzis e pistolas, além de uniformes privativos das forças de segurança pública, material notoriamente utilizado por grupos milicianos. Para o MPRJ, os fatos justificam o auto de prisão em flagrante lavrado pelos policiais e a concessão da prisão preventiva, autorizada em audiência de custódia no dia 9 de abril.
Após análise mais detalhada das provas, da conduta dos suspeitos e realizadas investigações, no entanto, o Ministério Público fluminense entende que para os presos contra os quais não há provas suficientes para oferecimento de denúncia, deve-se revogar a prisão preventiva.
Famílias lutam para soltar parentes
Dezessete dias depois da operação, as famílias dos suspeitos de envolvimento com a milícia em Santa Cruz as famílias disseram ter mais esperanças de ver os parentes inocentes fora da cadeia.
Stefani Oliveira, esposa do preso Carlos Andre da Silva de Souza, disse que estava com o marido na hora da prisão, e que, desde então não viu mais o esposo.
"Os policiais entraram atirando, foi aquela correria e ,desde aquele dia, eu não vejo o meu esposo. Fomos ao show ... Chegando lá, compramos nosso ingresso, entramos, fomos revistados. Em momento nenhum eu vi arma. Ficamos curtindo o show até acontecer tudo o que aconteceu", contou.
Adriana Cunha Matos só não estava ao lado do filho Felipe Matheus da Cruz na hora em que ele foi preso porque desisitu de ir ao show na última hora.
"A gente estava em casa, preparando o churraco dele [de aniversário] que seria no sábado, no dia 7, quando ele recebeu zap de amigos convidando para ir ao show. É um grupo que até mesmo eu gosto. Não fui porque minha irmã achou que eu estaria cansada do preparativo de festa, disso tudo, então a gente decidiu, mas ele acabou indo.
Seap alega que preso com suspeita de deficiência mental tem 'perfeitas condições de saúde'
O Ministério Público pediu uma avaliação psicológica de Renato da Silva Moraes, um dos 159 presos na Operação Medusa, que foi acatada pela Justiça, mas a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) informou, nesta terça-feira (24), que o detento “goza de perfeitas condições de saúde".
O preso - detido durante uma ação contra a milícia de Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio - tem deficiência mental, segundo a família.

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