sexta-feira, 30 de março de 2018

Anglo American diz que segundo rompimento em mineroduto atingiu ribeirão e fazenda em MG Incidente aconteceu na noite desta quinta-feira (29) e foi o segundo em menos de um mês no mineroduto Minas-Rio. Empresa dará férias coletivas e terá que reprogramar entregas.


 O presidente da mineradora Anglo American, Ruben Fernandes, afirmou na tarde desta sexta-feira (30) que o novo rompimento no mineroduto Minas-Rio atingiu uma fazenda, além do Ribeirão Santo Antônio, na Zona da Mata mineira. Este é o segundo rompimento em Santo Antônio do Grama em menos de 20 dias.
De acordo com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), além de 174 toneladas de polpa de minério que foram despejadas no curso d'água, 470 toneladas atingiram áreas do entorno. A informação foi confirmada pela assessoria da mineradora.
“Cerca de 174 toneladas caíram para o córrego Santo Antônio, mesmo córrego anterior. E, como o vazamento foi muito próximo do córrego, parte do minério ultrapassou o córrego e atingiu uma fazenda vizinha. (...) É uma área pequena, mas é uma área que a gente vai ainda recuperar”, explicou Fernandes.
Logo após o vazamento, o Ibama suspendeu a licença ambiental do mineroduto. O primeiro rompimento aconteceu no dia 12 de março, durou cerca de 45 minutos e despejou 300 toneladas de polpa no ribeirão.
Na manhã desta sexta, a Anglo American anunciou férias coletivas e a suspenção das atividades. De acordo com Fernandes, as férias coletivas vão atingir a mina e a planta de beneficiamento em Conceição do Mato Dentro, na Região Central de Minas. Ainda não há definição de quantos empregados do total de cerca de 2,5 mil serão impactados. Ele disse ainda que a empresa espera voltar a operar em cerca de 30 dias.
O presidente disse ainda que a empresa fará uma inspeção por todo os 529 quilômetros do mineroduto Minas-Rio. Afirmou também que as trincas que provocaram os dois vazamentos de polpa de minério foram em peças diferentes da tubulação do mineroduto e afirmou ainda que o rompimento desta quinta-feira foi a cerca de 400 metros do primeiro.

“Agora, a empresa só vai retomar as operações depois de rastrearmos os 529 quilômetros do mineroduto, através de inspeções externas e internas, com um equipamento que chama “PIG”. (...) A gente estima no mínimo 30 dias, vai depender desse plano. Esse equipamento é um equipamento complexo, que vem de fora”, disse Fernandes.
A mineradora disse ainda que o vazamento não provocou mortandade de peixes. A previsão da empresa é que em até 45 dias a limpeza da calha do rio seja concluída.
As causas dos vazamentos são investigadas com a ajuda de duas universidades. Segundo Fernandes, os dois rompimentos não têm qualquer conexão com o temporal que atingiu a região em dezembro do ano passado.

Produção parada

O presidente da mineradora afirmou que, com a suspensão das atividades, a empresa terá que reprogramar as entregas, pois não há mais estoque de minério no Porto do Açu, em São João da Barra (RJ). Fernandes disse que a previsão para produção neste ano era de 13 milhões de toneladas, mas agora este número será revisto.
“Nós tínhamos estoque no porto quando do primeiro incidente, cerca de 15 dias ou um pouco mais. Esse estoque foi consumido, ou seja, não tivemos nenhum impacto em clientes até agora. Com essa parada maior, com certeza, a gente vai ter um impacto nos próximos embarques. A gente já começou a comunicação com os clientes para reprogramar esses embarques. Assim que nós tivermos retomado a capacidade produtiva, seja em 30 [dias] ou seja em um pouco mais, é possível a gente reprogramar os embarques com os clientes ao longo do ano”, afirmou.

Abastecimento

O coordenador da Defesa Civil de Santo Antônio do Grama, Gilvan de Assis, disse que a população foi alertada para não usar a água do Ribeirão Santo Antônio, que foi atingido pela polpa de minério. Ele diz que a água se tornou avermelhada e registrou a situação em foto nesta sexta-feira (30). Após o primeiro vazamento, a captação passou a ser feita no Ribeirão Salgado, segundo a Copasa.

Mineroduto

A Anglo American extrai minério de ferro em Conceição do Mato Dentro, onde ele é misturado com água para produzir uma polpa. Esse material é bombeado para o mineroduto, que passa em Santo Antônio do Grama.
A instalação de 529 quilômetros também passa pelo Rio de Janeiro. No Porto do Açu, em São João da Barra (RJ), o minério de ferro é separado da água e embarcado em navios para exportação. A água eliminada é tratada e jogada no mar.
Segundo a Anglo American, o mineroduto, inaugurado em 2014, é o maior do mundo. A empresa diz que é um meio de transporte seguro, monitorado em todo o trajeto. Diz ainda que tem um plano de emergência para o caso de vazamentos, que, mesmo sendo raros, podem ocorrer, e, de acordo com a própria mineradora, causar danos ao meio ambiente.
De acordo com a mineradora, o material que vazou é considerado resíduo não perigoso.

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