segunda-feira, 26 de março de 2018

Jovem morto na Rocinha é enterrado no Cemitério do Caju


Foi enterrado nesta segunda-feira (26) o corpo de Matheus da Silva Duarte, de 19 anos, um dos oito mortos na na Rocinha, Zona Sul do Rio, durante uma operação da polícia militar na manhã de sábado (24). Amigos que dançavam com ele nos bailes de debutantes estavam vestidos com o uniforme das apresentações prestaram as últimas homenagens.
O clima no enterro, no Cemitério do Caju, Zona Portuária do Rio, foi de comoção. Nesta segunda-feira (26), uma operaçãodo Batalhão de Operações Especiais (Bope) deixou uma pessoa morta. É a 9ª vítima da violência na Rocinha desde sábado.

Segundo parentes e amigos, Matheus era dançarino de um projeto social e tinha acabado de chegar de uma festa de 15 anos quando resolveu ir ao baile funk em local conhecido como "Roupa Suja". O rapaz acabou sendo atingido por um disparo pelas costas. Familiares contaram que o sonho de Matheus era ser militar.
Momentos antes de ocorrer o sepultamento, o pai de Matheus (que pediu para não ser identificado) disse as últimas palavras para o filho:
"Papai ama. Papai ama. Papai deu tudo de bom e do melhor. Papai te ama", disse.
Alexsander Isaías, coordenador do grupo de Valsa Noites de Encantos, afirmou que Matheus era o mais “bagunceiro”. Segundo ele, o grupo tinha feito uma festa em São Gonçalo e, ao voltarem da Rocinha, Matheus recebeu seu cachê junto com os companheiros.
“ Na van, era o que puxava o bonde da bagunça. E o que está doendo na gente é: e agora? O que vai ser dentro da van?”, afirmou o coordenador.

Investigação

A Divisão de Homicídios da Polícia Civil informou que as armas dos policiais militares que participaram da operação de sábado foram apreendidas e vão passar por perícia. Dez PMs do Batalhão de Choque prestaram depoimento no sábado.
De acordo com informações da polícia, os corpos de sete dos oito mortos foram identificados pelas digitais: Matheus da Silva Duarte de Oliveira, 18 anos, Osmar Venâncio do Nascimento, 45 anos, Bruno Ferreira Barbosa 24 anos, Júlio Morais de Lima, 22 anos, Hércules de Souza Marques,26 anos, Magno Marinho de Rezende, 28 anos e Wanderson Teodoro de Souza, 21 anos.
A polícia informou ainda que quatro deles tinham passagem pela polícia e outros três não tinham anotações. Matheus Duarte não tinha antecedentes criminais. O delegado responsável pelas investigações afirmou que no caso do jovem não há indícios de execução.

Histórico da violência na Rocinha

Em pouco mais de seis meses, mais de 50 pessoas foram mortas a tiros na Rocinha. A maior parte das vítimas era de criminosos, segundo a Polícia Militar. A comunidade está ocupada desde setembro de 2017.
As ações permanentes tiveram início logo após a comunidade ter sido invadida por uma facção rival à que comandava o tráfico local. Desde então, segundo balanço divulgado pela PM, 48 criminosos, dois policiais e uma turista espanhola foram mortos. Onze moradores também ficaram feridos nos confrontos.
O balanço da PM indica ainda que desde o dia 18 de setembro foram presos 105 criminosos e apreendidos 22 menores envolvidos com a criminalidade local. As operações policiais têm como saldo ainda a apreensão de 38 fuzis, três submetralhadoras, seis espingardas calibre 12, 66 pistolas, cinco simulacros de fuzis e três simulacros de pistola além de 69 granadas ou artefatos explosivos diversos. Mais de duas toneladas de drogas foram apreendidas.
O porta-voz da PM, Major Ivan Blaz, disse em entrevista ao RJTV que participam da ocupação na Rocinha cerca de 550 policiais militares. Ele afirmou que não há possibilidade de aumentar esse efetivo.

PM e morador morto na semana passada

Na semana passada, um PM e um morador foram baleados e morreram durante tiroteio na favela. O soldado Filipe Santos de Mesquita foi atingido por quatro tiros durante um confronto entre policiais e traficantes, por volta das 20h30.
Ele foi levado para o Hospital Municipal Miguel Couto, na Gávea, mas morreu logo depois. Na ação, o morador Antonio Ferreira da Silva, conhecido como Marechal, também foi baleado e morreu. Antonio vendia itens usados na localidade do Valão, na Rocinha, quando o confronto começou.

Fonte: G1

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