quinta-feira, 8 de março de 2018

Estudante de 24 anos é chefe de quadrilha de contrabandistas no Rio, diz delegado da Polícia Federal






    Homem está em liberdade e colaborando com as investigações. Operação prendeu quatro pessoas, três delas funcionárias da Receita Federal.

Um estudante de 24 anos morador de Copacabana é o chefe da quadrilha que contrabandeava mercadorias para o Brasil pelo Aeroporto Internacional do Galeão, no Rio, de acordo com o delegado da Polícia Federal (PF) Wagner Menezes. No total, seis pessoas faziam parte do esquema, sendo três servidores da Receita Federal e três contrabandistas.
Operação da PF e da Receita Federal realizada na manhã desta quinta-feira (8) prendeu quatro pessoas, entre elas dois auditores e um analista fiscal da Receita – que tiveram prisão temporária.
Um contrabandista do grupo foi preso em São Paulo, e outro está foragido. O estudante cabeça da quadrilha está em liberdade colaborando com a Polícia Federal.
"O chefe da quadrilha é um jovem estudante de 24 anos. Ele contratava as 'mulas' para comprar a mercadoria em Miami, fazia fotos e pegava dados dessas pessoas que eram repassados aos fiscais aduaneiros, encarregados de liberar as bagagens", afirmou o delegado, um dos responsáveis pela investigação.
"Em média, eles traziam duas malas e uma mochila. Por cada mala, era cobrada U$ 1 mil, e U$ 400 por mochila, que eram entregues aos fiscais", disse Menezes.
Ele explicou ainda que o esquema foi detectado no início de 2017. Uma "mula" – apelido dado à pessoa que transporta a mercadoria contrabandeada – foi presa com 15 kg de cabelo humano, 250 iPhones e outros aparelhos eletrônicos. Ele denunciou o chefe da quadrilha, que foi detido e passou a colaborar com a PF. O material contrabandeado era repassado a particulares e comerciantes.
Perda de controle
Desde a identificação do chefe, a quadrilha deixou de atuar. Mas, em colaboração com a PF, ele ajudou a identificar pelas câmeras de segurança do Galeão de dez a 15 outras viagens de contravenção do grupo realizadas ao longo de um ano.
"A preocupação é grande, porque a gente perde o controle do que entra e sai. E aí a pessoa passa a trazer o que quer: armas, drogas e passa a botar a vida dos passageiros em risco", destacou o delegado, informando que a quadrilha foi desmantelada.
Segundo delegado da alfândega da Receita Federal no Galeão, Cláudio Ribeiro, o trabalho integrado com a PF foi fundamental, e a corregedoria vai investigar os servidores envolvidos. Eles vão responder processo disciplinar e podem ser demitidos.
Além dos três servidores presos, outros dois estão sendo investigados por atuação esporádica com a quadrilha.

Investigação

As investigações da operação, batizada de "Vista Grossa", começaram há cerca de um ano.
De acordo com a polícia, membros da quadrilha em funções de comando contratavam "mulas" para o transporte de mercadorias importadas e repassavam os dados dessas pessoas a servidores da Receita Federal lotados no aeroporto.
Esses, por sua vez, fariam vista grossa e facilitavam o ingresso do material em solo brasileiro sem o devido pagamento dos tributos.
De acordo com os investigadores, o chefe da quadrilha tirava uma foto do contrabandista que chegaria com a mercadoria no aeroporto do Rio e enviava para o servidor da Receita – que liberava a entrada sem qualquer tipo de inspeção ou restrição.
Os presos serão indiciados por organização criminosa, facilitação de contrabando e descaminho, corrupção ativa e contrabando/descaminho praticado via transporte aéreo.

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