sábado, 19 de maio de 2018

Fred, o menino sonhador, sobreviveu ao pesadelo da acusação de doping

A série de reportagens especiais do Tino Marcos com os jogadores do Brasil na Copa traz neste sábado (19) o perfil do meio-campista Fred.
Sempre foi um sonhador, todo mundo sabia.

“Ele é meio sonâmbulo”, diz o amigo Daierson Lorran.

O quê? Sonâmbulo?

“Cara, minha família tem um monte, vou te falar, eu sou um deles também”.

“Ele levantava, com a perna, chutando. Que isso, Fred? Tô jogando, tô jogando”, completa Daierson.

Uma vez sonhador, sempre sonhador.

“Diz a noiva aqui que sempre falo um pouquinho também dormindo”.

No início, sonhava com a fama, sem bola.
“Antes do futebol, começou a fazer teatro”, conta a mãe Roseli Miranda.

“Fiz algumas aulas, teatro, apresentei alguns trabalhos”.

“Um dia, ele virou, mãe: ‘eu não quero mais fazer teatro’. Então que você quer? ‘Quero jogar bola’. A,í pronto, aí começou a jogar bola, aí não parou mais”, diz Roseli.

A avó achava o teatro mais seguro.

“Aquele menino miudinho, com as perninhas fininhas, eu morrendo de medo de machucarem ele, quebrarem a perna dele lá no meio do campo”.
Deu tudo certo.

“Ele nunca se machucou em futebol, nunca machucou”, confirma a avó.

Há muito o que festejar. A família grande, festeira, trouxe a Copa do Mundo para dentro da casa da avó Kita, bem longe de Moscoux, em Minas Geraisx. Faltou o homenageado. Mas a tecnologia leva o parente para a festa.

Já são nove anos desde que saiu de BH. Desde os tempos de lateral-esquerdo campeão e com cara de sapeca, no infantil do Atlético Mineiro.

Ficou no Galo até os 16 anos e foi para o Porto Alegre, time que pertencia a Assis, irmão de Ronaldinho Gaúcho. Seis meses depois, Fred foi para o Internacional e logo chegou aos profissionais.

Era ainda reserva do time, mas imagina se a família toda e os amigos perderiam a oportunidade: Atlético Mineiro e Internacional, em Belo Horizontex. No jogo que acabaria sendo o da afirmação, o da emancipação no futebol, até o nome do estádio era inspirador.

“Fiquei no banco, jogo no Independência, minha família toda lá, entrei no intervalo. Entrei fazendo uma fumaça ali, garoto novo”, lembra Fred.

Na cidade dele, contra o clube que o revelou. 

“Ele entrou no segundo tempo e foi lá e fez o gol, a gente pulou ali, ficou emocionado”, conta Daierson.

“Meu primeiro e único gol de cabeça na minha carreira até hoje. Foi uma emoção gigante”, ri Fred.

Aos 20, foi para o Shakhtar, da Ucrâniax, e, em 2015, tinha acabado de disputar a primeira competição com a seleção: a Copa América.
“Estava em casa, meu telefone tocou. Era o médico da Seleção falando que eu tinha sido pego no doping”.

Exame positivo para hidroclorotiazida, o nome da substância ilícita.

“Passa isso tudo na cabeça da gente, sabe? O que a família vai pensar, o que as outras pessoas vão pensar”.

Onze meses de suspensão.

“Sei que sou inocente, mantive minha cabeça erguida, falei: vou dar a volta por cima”.

E como deu.

Aos 25 anos, acaba de terminar a melhor temporada da carreira. Foi um dos últimos a garantir um lugar na Copa do Mundo e é disputado pelos dois gigantes de Manchesterx: o City de Guardiola e o United de Mourinho.

“Felizmente eu tenho essa dúvida”.

Certeza é a Copa do Mundo. Um desfecho quase perfeito.

“Só sinto de ele não está perto de mim para a gente acompanhar ele. Tá muito longe. Mas no coração está junto”, diz a avó Kita.

Fonte: G1

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